Na época do ginásio, alguns de nossa turma estavam na mesma série ou em série avançada ou em inferior. Portanto, na escola cada um tinha sua turminha a qual incorporava na entrada, na hora do recreio e na saída.
Chegando em casa, a turma voltava ao seu normal. Ou seja, a gente voltava às amizades da rua.
Estudei com o Naninha desde a primeira até a quinta série. Ele é filho da Dona Dadá e seu pai se chamava Valdomiro, ou seu Miro. Ele era muito divertido, marceneiro e tinha uma Brasília vermelha que algum tempo depois virou "nossa".
O Naninha sempre teve um coração de ouro e a gente abusava dele. Na hora do recreio ele comprava biscoito de polvilho e a gente chegava junto e comia tudo. O coitado ficava sem nada. Até q ele começou a deixar a gente comer e comprar um só pra ele.
Uma vez tivemos que apresentar um teatro de marionetes. O Naninha deu a idéia de a gente apresentar um teatro do "Clube do Bolinha", quem não se lembra de suas dançarinas e do famoso bordão "Um passo para o sucessooooooo!". Seu Miro fez o palco, a Dona Dadá a cortina, nós fizemos as marionetes e o Naninha imitava o Bolinha. Foi um sucesso.
Fora as aulas, o Naninha era amigo a turma da nossa rua. A Dona Dadá fazia pizzas pra gente ir comer lá na casa dela todos os sábados. Ela gostava de ter os filhos e os amigos de seus filhos por perto.
Ela o chamava de Ninha e tinha um cachorro que tratava como filho, o Husky.
Era muito engraçado vê-la na sisudez de mãe e quando estava conversando com as nossas mães falando "bobiças", qua na época eu não entendia.
Até hoje ela não mudou, só que agora fala as "bobiças" pra mim também.