Como escrevi no post anterior, eu era muito brava e minha Tia Lita me chamava de Mônica. Não acho que sou brava. Eu era muito impulsiva, falava demais mas agora estou aprendendo a ser mais diplomática.
Quando eu estudava no Comenius, na quarta-série a Kátia filha da Rute e do Flaviano estudava comigo. Mas sabe quando bate uma antipatia gratuita com a pessoa? Nossos pais são amigos, trabalharam juntos na Adria. Na hora do recreio (hoje é intervalo), a gente sentava no escadão para comer o lanche que às vezes levavávamos de casa e às vezes comprávamos na cantina. Mas era eu e a Kátia nos olharmos e uma pegava no cabelo da outra e puxava, puxava, assim sem motivo. Do jeito que começava, terminava.
Minha professora da quarta séria chamava-se Adelaide e eu não gostava muito dela, pois achava que ela fazia distinção entre os mais ou menos abastados, os mais bonitinhos e os feios. Como não gostava dela, procurava chamar sua atenção.
Tinha uma menina que estudava comigo chamada Iva que faltava demais e um dia me falou que ia faltar porque ia pra Carapicuíba (naquela época eu achava que era o cú do mundo e hoje tenho certeza que é). Na hora da chamada, ao chamar o nome da Iva, eu pra chamar atenção e procurar ser querida disse "professora ela foi pra Carapícuiba". Dona Adelaide, do alto de sua grosseria respondeu com voz de criança: "foi pra Carapicuíba? E daí? O que eu tenho a ver com isso?" Fiquei mal neste dia!
Era também meio Maria vai com as outras. Num dia a gente tinha prova de Geografia e veio a Beatriz, que se dizia minha amiga, e disse que não tinha estudado e que ia responder as questões assim: "Me desculpe mas não sei". Ela tava tirando uma com a minha cara. Eu tinha estudado, mas achei o máximo e respondi em todas as questões - me desculpe mas não sei.
A dona Adelaide trocou as provas para que a gente corrigisse e o Antonio Carlos pegou a minha e quando viu as respostas foi mostrar pra professora. Tomei uma bela chamada, olhei e vi a Beatriz rindo da minha cara e ainda pro cima ela acertou todas. Finalmente dona Adelaide pegou minha prova e disse que na reunião ela ia falar pra minha mãe desculpar mas ela não sabia a minha nota. Passei um bimestre com medo.
Na minha sala tinha também o Valdeci, um menino brigão que vi mexer com meu irmão Duda na hora do recreio. Parti pra cima dele e dei umas porradas. Ele jurou a mim e ao Duda de morte, comecei a chorar. Fomos pra Diretoria, ligaram para minha mãe e para a mãe do Valdeci virem nos buscar. Ele tomou uma suspensão, pois estava com uma faca e eu uma bronca da minha mãe.
Era muito briguenta e não passava mês que eu não brigasse na saída da escola. Era briguenta na rua de casa, tudo pra mim era motivo pra brigar. Mônica com força!
Quando saiu aquela música do Chico Buarque "Joga Pedra na Geni", as brigas se tornaram constantes, pois todos tiravam sarro da minha mãe. E mãe é sagrada!
Tinha um menino que todos os dias ia comprar pão no Seu Onofre, que comprou a Mercearia do Seu Domingos. Quando ele passava em frente de casa gritava: "Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni..."
Minha revolta era grande e fiz um plano com o Duda. A gente ia esperar atrás do carro do meu pai, que agora era uma Brasília Bege zerada, e quando ele gritasse eu e o Duda saíamos detrás do carro. Eu seguraria o Edílson e o Duda daria as porradas.
Plano passado, repassado, mas na hora de colocar em prática o Duda segurou e eu bati. Bati com vontade, com força e ele saiu chorando machucado. Nunca mais cantou.
Anos mais tarde o Camisa de Venus lançou a música "Silvia...piranha". A mãe de Edilson chama-se Sílvia. Se fosse naquela época eu não ia bater, eu ia na porta dele cantar. Chumbo trocado não dói.
Anos depois, ao dar aulas de Química fui sua professora e de seu irmão Edmilson. Contei pro Edmilson e tenho certeza que o irmão tirou-lhe um sarro, pois nunca mais o Edilson falou algo em minhas aulas.
Azar o dele, quem mandou ele tirar sarro da mãe dos outros?
Um blog, que não necessariamente respeita regras cronológicas, mas que procura trazer de volta lembranças minhas e das pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida!
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Velha infância 8
A galera da rua sempre inventava alguma brincadeira para se divertir. Os meninos geralmente jogavam bola que alguns vizinhos chatos não devolviam ou cortavam-na. Coitados não tiveram infância ou esqueceram que também tiveram filhos. As meninas era a casinha ou brincar de concurso de miss com a organização do Gordo.
Algumas vezes as meninas e os meninos brincavam juntos. A gente jogava queimada, esconde-esconde, pega-pega, taco.
Alguns tinham mania de inventar algumas brincadeiras estranhas, como o Américo e o Marcos que ficavam correndo no quarteirão se achando os atletas.
A gente brincava do jogo das pedras, pegava mato para fazer de apito, enfim a gente se arrumava.
Nos natais todos apareciam com um brinquedo novo, fato que gerava brigas, pois muitos queriam brincar e o dono não deixava, bem no estilo "Não, o brinquedo é meu".
Mas teve um ano em que todos da rua ganharam bicicletas novas, o Duda já tinha uma que tinha ficado pequena. Acho que os pais combinaram e todos ganharam Berlinetas (é o modelo de uma bicicleta da Caloy) e as mães puderam ter férias mais tranquilas porque não tinha briga por causa de brinquedo.
A gente ficava com aquela sensação de liberdade e desfalcava o bolso dos pais pra gastar no Brandão das Bicicletas comprando acessórios: fitinhas pra colocar no guidão, buzina, enfeites pra roda. Mas foi um tempo legal.
Uma vez ganhei patins. A gente ficava andando no quintal do Luciano, porque ele também tinha ganhado um e a rua não tinha asfalto e as meninas e meninos babando de fora do portão só na inveja. Ah, os patins eram de 4 rodas e eram reguláveis.
Mas um dia tive compaixão pela minha amiga Adriana e emprestei pra ela andar. Tava de saia a coitada levou um tombo e todo mundo viu sua calcinha. Saiu chorando...rsss
Teve o tempo em que compramos rede e bola de voley e jogávamos todos os sábados e domingos até escurecer. As minhas primas Marcia e Margareth, a Eliana, a Sandrinha e o Ovo, seu irmão, a Lílian e o Marinho também jogavam com a gente. Nesta época veio morar na casa que era da Téia a Elza, o Pedro e a Isabel que esteve com a gente por toda a adolêscencia e viagens.
Ela também teve um irmão raspinha do tacho, o Júlio, que quando ouvia a famosa música do gás saía correndo atrás do caminhão dando tchau igual as crianças do comercial.
Depois veio o tempo do ping-pong, que começou com uma mesa improvisada com compensado, aí fizemos uma vaquinha e compramos uma mesa e raquetes oficiais.
Na época do ping-pong, além da nossa turma agregaram-se também o Ciro, o Milton e o Carlindinho, o Célio, o Baixinho, o Waguinho, o Walter, filhos da Rute e do Flaviano, o João Carlos e o Hertz, um primo torto meu, o Marcos Harana, o Naninha e o Japaloko queria jogar mas a gente não deixava porque ele era encrenqueiro.
O Hertz morava com a mãe Valdice, que era arrumadeira lá nos Jardins e trazia sempre bolinhas e as melhores raquetes.
A Margareth e ele começaram a ficar e se transformou em namoro. Como ele ia sempre à minha casa, meu tio Coquinho (pai da Márcia e da Margareth) tinha ciúme. Um dia ele tava sentado na casa da minha prima, meu tio chegou e falou pra ele "levanta seu cabra sem qualidade". Coitado do menino, ele ainda não trabalhava mas era um car legal.
Nesta época, começamos com as paquerinhas, as bobeiras de menina. A Adriana era a mais assanhadinha, ficava paquerando o baixinho e ele foi seu primeiro namorado. A gente usava a calçada da Adriana para fofocar sobre nossas paqueras. A Sônia era apaixonada pelo Américo, a Adriana pelo Baixinho, eu pelo Célio e a Isabel pelo Naninha. Mais tarde descobrimos que o Naninha era fachada, seu coração baria pelo irmão da Dri, o humberto.
O que a gente não sabia era que o Carioca e o Humberto ficavam ouvindo nossas conversas pela janela do quarto da mãe da Dri e o Humberto ainda lia o diário dela.
Eles eram a tentação em pessoa, um dia fizeram vários corações na minha rua, escrito Gina ama Célio e foram contar pra ele. Imagina como fiquei brava, minha tia Lita sempre me chamou de Mônica porque eu sou brava. Então imagina? Peguei um paralelepípedo e joguei no Carioca.
Dias depois, a mãe da Adriana, Alderize foi perguntar pra minha mãe se eu tava brava com o Humberto e minha mãe não sabia porquê. ela contou que eu gostava do Célio e o Humberto tinha contado pra ele. Começou meu inferno.
Minha mãe dizia, "não sabe lavar uma louça, já quer namorar o Célio, não sabe arrumar uma casa, já quer namorar o Célio". Como ela me torturou.
O resultado disso foi que eu jogava junto com o Célio, filho do saudoso seu Mané que meu pai considerava um irmão, mas não me dirigia a ele.
Hoje dou risada disso tudo. Da nossa turma fui a quem menos namorou. Oh meninas namoradeiras essas minhas amigas.
Ah e o hoje eu cumprimento o Célio e vejo que ele não era aquele Deus que eu pensava em ir ao cinema e ficar de mãos dadas. Porque naquele tempo nossa idéia de namoro era isso, ficar na calçada de mãos dadas, ir ao cinema de mãos dadas. Beijo pra gente só depois do noivado.
Como tudo mudou...
Algumas vezes as meninas e os meninos brincavam juntos. A gente jogava queimada, esconde-esconde, pega-pega, taco.
Alguns tinham mania de inventar algumas brincadeiras estranhas, como o Américo e o Marcos que ficavam correndo no quarteirão se achando os atletas.
A gente brincava do jogo das pedras, pegava mato para fazer de apito, enfim a gente se arrumava.
Nos natais todos apareciam com um brinquedo novo, fato que gerava brigas, pois muitos queriam brincar e o dono não deixava, bem no estilo "Não, o brinquedo é meu".
Mas teve um ano em que todos da rua ganharam bicicletas novas, o Duda já tinha uma que tinha ficado pequena. Acho que os pais combinaram e todos ganharam Berlinetas (é o modelo de uma bicicleta da Caloy) e as mães puderam ter férias mais tranquilas porque não tinha briga por causa de brinquedo.
A gente ficava com aquela sensação de liberdade e desfalcava o bolso dos pais pra gastar no Brandão das Bicicletas comprando acessórios: fitinhas pra colocar no guidão, buzina, enfeites pra roda. Mas foi um tempo legal.
Uma vez ganhei patins. A gente ficava andando no quintal do Luciano, porque ele também tinha ganhado um e a rua não tinha asfalto e as meninas e meninos babando de fora do portão só na inveja. Ah, os patins eram de 4 rodas e eram reguláveis.
Mas um dia tive compaixão pela minha amiga Adriana e emprestei pra ela andar. Tava de saia a coitada levou um tombo e todo mundo viu sua calcinha. Saiu chorando...rsss
Teve o tempo em que compramos rede e bola de voley e jogávamos todos os sábados e domingos até escurecer. As minhas primas Marcia e Margareth, a Eliana, a Sandrinha e o Ovo, seu irmão, a Lílian e o Marinho também jogavam com a gente. Nesta época veio morar na casa que era da Téia a Elza, o Pedro e a Isabel que esteve com a gente por toda a adolêscencia e viagens.
Ela também teve um irmão raspinha do tacho, o Júlio, que quando ouvia a famosa música do gás saía correndo atrás do caminhão dando tchau igual as crianças do comercial.
Depois veio o tempo do ping-pong, que começou com uma mesa improvisada com compensado, aí fizemos uma vaquinha e compramos uma mesa e raquetes oficiais.
Na época do ping-pong, além da nossa turma agregaram-se também o Ciro, o Milton e o Carlindinho, o Célio, o Baixinho, o Waguinho, o Walter, filhos da Rute e do Flaviano, o João Carlos e o Hertz, um primo torto meu, o Marcos Harana, o Naninha e o Japaloko queria jogar mas a gente não deixava porque ele era encrenqueiro.
O Hertz morava com a mãe Valdice, que era arrumadeira lá nos Jardins e trazia sempre bolinhas e as melhores raquetes.
A Margareth e ele começaram a ficar e se transformou em namoro. Como ele ia sempre à minha casa, meu tio Coquinho (pai da Márcia e da Margareth) tinha ciúme. Um dia ele tava sentado na casa da minha prima, meu tio chegou e falou pra ele "levanta seu cabra sem qualidade". Coitado do menino, ele ainda não trabalhava mas era um car legal.
Nesta época, começamos com as paquerinhas, as bobeiras de menina. A Adriana era a mais assanhadinha, ficava paquerando o baixinho e ele foi seu primeiro namorado. A gente usava a calçada da Adriana para fofocar sobre nossas paqueras. A Sônia era apaixonada pelo Américo, a Adriana pelo Baixinho, eu pelo Célio e a Isabel pelo Naninha. Mais tarde descobrimos que o Naninha era fachada, seu coração baria pelo irmão da Dri, o humberto.
O que a gente não sabia era que o Carioca e o Humberto ficavam ouvindo nossas conversas pela janela do quarto da mãe da Dri e o Humberto ainda lia o diário dela.
Eles eram a tentação em pessoa, um dia fizeram vários corações na minha rua, escrito Gina ama Célio e foram contar pra ele. Imagina como fiquei brava, minha tia Lita sempre me chamou de Mônica porque eu sou brava. Então imagina? Peguei um paralelepípedo e joguei no Carioca.
Dias depois, a mãe da Adriana, Alderize foi perguntar pra minha mãe se eu tava brava com o Humberto e minha mãe não sabia porquê. ela contou que eu gostava do Célio e o Humberto tinha contado pra ele. Começou meu inferno.
Minha mãe dizia, "não sabe lavar uma louça, já quer namorar o Célio, não sabe arrumar uma casa, já quer namorar o Célio". Como ela me torturou.
O resultado disso foi que eu jogava junto com o Célio, filho do saudoso seu Mané que meu pai considerava um irmão, mas não me dirigia a ele.
Hoje dou risada disso tudo. Da nossa turma fui a quem menos namorou. Oh meninas namoradeiras essas minhas amigas.
Ah e o hoje eu cumprimento o Célio e vejo que ele não era aquele Deus que eu pensava em ir ao cinema e ficar de mãos dadas. Porque naquele tempo nossa idéia de namoro era isso, ficar na calçada de mãos dadas, ir ao cinema de mãos dadas. Beijo pra gente só depois do noivado.
Como tudo mudou...
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