Meu pai, meu amor, o Sr. Isaque, veio da cidade de Pedrinhas em Sergipe, onde estivemos algumas vezes. Ele foi um lutador, era motorista de caminhão da Adria (fábrica de massas) e viajava todas as terças-feiras e retornava nas sextas-feiras.
Nós sentíamos muita falta dele nesses dias, e torcíamos pra sexta chegar logo.
Tudo o que eu e meus irmãos somos hoje, devemos à ele e à minha mãe. Ele ralou para nos dar o melhor e como ele diz, agradece à minha mãe por ter nos criado tão bem. Obrigada pai. Obrigada mãe.
Quando eu era pequena ele me chamava de baixinha. Hoje ele me chama de Ginuína.
Eu e o Duda dormíamos no mesmo quarto e quando meu pai estava em casa eu sempre gritava. Pai me "imbúia". Ele vinha todo feliz, pedíamos a benção e ele ao apagar a luz sempre falava: "DEITÔ CALÔ SINÃO O CHINELO CANTÔ".
O primeiro carro que ele comprou foi uma Brasília verde abacate. Fomos uma das primeiras famílias a ter carro na rua.
E eu e o Duda nos achávamos o máximo, passear de Brasília, ir buscar minha avó nas folgas dela, ir fazer bate e volta na praia. Pra mim a gente era rico.
Meu pai sempre brincava com a gente e fazia todas as vontades. Ele também sentia falta de passar a semana conosco.
Vi meu pai bravo poucas vezes, uma delas foi quando deu uma surra de cinta no Duda, pois ele não fazia dever de casa e a Dona Leila, sua professora e nossa vizinha mandava bilhetes e o Duda rabiscava de caneta. Espertinho né? Ele só não contava com a astúcia da Dona Leila de ir em casa e falar com a minha mãe, Dona Geni.
Depois que ela saiu de casa, uma sexta-feira, quando meu pai chegou minha mãe contou pra meu pai e ele chamou o Duda no quarto e trancou a porta. Só via a barulho do "reio", como diz meu pai, e o Duda gritando.
Eu fiquei assustada, mas também ri por dentro porque eu sempre apanhava da minha mãe pelas artes do Duda e ele sempre ficava quietinho.
Quando meu pai comprou a Brasília, logo chegaria o dia das mães. Meu pai foi na loja "A Barateira", uma loja perto da delegacia 43, onde meus pais compravam tudo e comprou uma batedeira Wallita pra minha mãe. A batedeira naquela época tinha cores. Ele comprou uma laranja que durou até quando meu irmão Fábio começou a trabalhar e deu uma nova para ela. Detalhe quando meu pai comprou o Fábio nem sonhava em nascer. Voltando, meu pai chegou e nos mostrou o presente escondido no porta malas da Brasília e disse que era presente do dia das mães e nós deveríamos guardar segredo. Conseguimos? Nada!
Depois que meu pai entrou eu e o Duda ficávamos pulando em volta da minha mãe e ela perguntou o porque daquela folia. Eu olhei meu pai e falei o pai comprou uma surpresa que tá dentro do carro.
Sendo assim, entregamos o presente no sábado e no domingo das mães, ficamos com cara de bosta.
A gente tinha sempre a mesma rotina todos os dias como postei anteriormente, porém na sexta-feira, eu e o Duda tínhamos que ajudar minha mãe na faxina quando a gente tava de férias.
Eu passava um limpa vidros da Stanley, lembram que faziam reuniões de produtos desta marca nas casas? O Duda tirava o pós dos móveis com lustra-móveis e minha mãe fazia o resto, mas a gente se sentia muito explorado. Todas as sextas a gente se achava as crianças mais exploradas do mundo.
No final da faxina, minha mãe ia à Mercearia do Seu Domingos e comprava bisnaguinhas Seven Boys, que eu falava Zébenboys, e nos dava café da tarde. Aí era só esperar meu pai chegar e a felicidade estava completa. A gente até esquecia que éramos as crianças mais exploradas do mundo. Até hoje bisnaguinha Seven Boys tem gosto de infância.
Tinha a lojinha da Dona Luzia, mãe da Rilda e do Romildo, esposa do Seu Antonio. Era lá que as mães faziam compras de roupas e brinquedos. Ela vendia na caderneta.
Lá minha mãe comprou a boneca Guigui, que abria e fechava seus braços e ela ria, o Bombeiro Eletrônico que o Duda tem até hoje, uma maleta que era um jogo de pimbolin, um "discobol", que era semelhante aos brinquedos que tem em buffets hoje, que a gente põe uma ficha e a a bola desliza sobre o campo. Enfim muitas coisas foram compradas lá.
Uma vez, a Dona Luzia ficou sócia do Clube de Campo Fazenda e nos convidou para conhecer. Era em Itatiba e fomos com ela e outros vizinhos dela que haviam comprado títulos também. Lá tinha piscinas, chalés, achei um encanto.
Anos mais tarde, no meu segundo emprego trabalhei na cobrança deste clube em um escritório que ficava na Luis Góes e então voltei muitas vezes lá.
Tia Lita disse que Padre Marcelo de pé quebrado, escreveu um livro e Regina de pé quebrado escreve a história da sua vida...
ResponderExcluir;-P
Esse pé vai render a biografia !!!!
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